quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

CONCURSO1.0: Um novo conto de Chapeuzinho

Pois não é que foi lançado um novo conto? Pois bem e esse parace ser mais surpreendente ainda! Também, escritora pela melhor escritora da WNF... É magnifico a capacidade dela ter inventado e reinventado a sua criação. Leia neste post uma nova versão de Chapeuzinho Vermelho e companhia. Acho que Os Irmãos Grinn perderão para Merlix!

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Meredith levantou da cama entediada, e resmungou palavras desconexas, ao ver alguns raios de sol entrar no seu quarto. O chão e as paredes amadeiradas deixavam o ambiente um tanto rústico, e úmido, quando o tempo estava nublado. 

A garota de olhos verdes e um sorriso formidável, não estava com o humor melhor depois do “acontecido”. Foi assim que ela resolveu denominar o pior momento de sua vida. 

- Meredith! Vai se atrasar para as entregas! - A avó da garota, com seus cabelos grisalhos e uma voz rouca devido à idade, entrou gentilmente no quarto da neta. Na verdade a senhora tinha a intenção de observar o estado da garota após o rompimento do namoro, com o caçador da vila. 

- Eu estou bem. Se é isso que quer saber. – Meredith respondeu um tanto irritada. Se já não bastava ter que tentar levar uma vida normal, após a vergonha que passou, sua avó ainda vinha verificar de cinco em cinco minutos se ela não havia cortado os pulsos. 

A avó da garota sorriu triste ao ver a neta naquele estado. Todos reconheciam em Meredith uma alegria inexplicável. Seu sorriso e sua capa vermelha já eram marcas definidas. 
A garota foi até o espelho de sua penteadeira velha, e encarou-se por alguns instantes. Estava sem a capa, e sem o sorriso. Talvez devesse permanecer assim, pensou ela com relutância, já não era mais a mesma. 

- Hoje a viagem será mais longa, pois os Werteman fizeram uma encomenda. Eles moram no lado norte da floresta meu bem. Teria algum problema, ir sozinha? – A senhora perguntou preocupada, enquanto Meredith saía do quarto com roupas diferentes das que ela sempre usou. Hoje não estava com a capa. 

 A avó percebeu a estranha mudança, mas resolveu não comentar. 

- Vou ter que me acostumar com a solidão a partir de hoje, não acha? – Meredith respondeu um tanto ácida. Pegou a cesta com a encomenda de doces e saiu sem dizer mais nenhuma palavra. 

Assim que colocou os pés na varanda da casa, lembrou-se que deveria passar na cidade. Parou alguns instantes ali tomando forças para enfrentar todos os conhecidos, que a olhariam com desprezo e crítica. 

- Eu não devo explicações a essas pessoas. – falou convicta pra si mesma, enquanto dava passos firmes e decididos em direção à estrada que a levaria para a floresta.
- Olá Meredith! Como vai o Connor? – Maria a dona de uma confeitaria perguntou com maldade, enquanto a garota passava por seu comércio. 

A garota não respondeu. Apenas continuou caminhando, olhando para suas botas velhas, numa tentativa frustrada de se distrair. 

Caminhou com mais pressa, quando chegou à feira principal. Sentia olhares penetrantes medindo seu corpo. Como são burros! Pensou se divertindo com a própria desgraça. Mas não terminou o pensamento pois ouviu seu nome ser gritado. 

Inicialmente pensou ser alguma brincadeira de mau gosto, e resolveu ignorar, mas quando reconheceu o dono da voz, imediatamente se virou constrangida. 

- Estou a te chamar pequena da capa vermelha! Não está ouvindo? – Maurice o xerife do pequeno vilarejo falou emburrado, se aproximando da garota. 

- Desculpe Senhor Xerife. Eu estava distraída. – Meredith respondeu impaciente. Olhou pro céu, e percebeu que uma tempestade se aproximava. Precisava chegar rápido a casa dos Werteman. Concerteza não daria tempo de voltar pra casa, no mesmo dia, mas o casal de velhinhos provavelmente daria abrigo para ela. 

- Você precisa comparecer a delegacia, pequena. Apresentaram uma queixa sobre você. E não é nada que eu possa encobrir. 
Meredith olhou surpresa e desacreditando nas palavras do senhor barrigudo, e bigodudo, que estava a sua frente, proferiu.


- Você sabe que isso não é verdade né? Eu nunca encostaria um dedo nela... – a garota já estava sem forças de tanto explicar para Maurice, que a queixa sobre “agressão á uma moça grávida” era algo improvável de se acontecer. 

- Desculpe pequena. Mas com tudo isso que aconteceu entre você, o Connor e a Callie, ela vai estar com a razão.
Meredith revirou os olhos ainda não acreditando naquela situação. 

- Estou na mesma situação que ela! Porque ela tem razão? Porque todos estão contra mim? – Sua voz enfraqueceu na última pergunta, e seus olhos grandes e esverdeados, se encherão de lágrimas. Seu coração estava despedaçado. As pessoas que viram ela crescer, agora estavam duvidando do seu caráter, e apoiando... Callie? 

- Só um minuto pequena. Aliás, onde está sua capa vermelha? – O xerife perguntou curioso, e preocupado. Meredith cresceu sem os pais, e ele sabia muito bem que tudo o que estava acontecendo com ela agora, era falta de um acompanhamento.
Por mais que todos quisessem julgá-la, sabiam que desde moça, a sua avó a educou somente para fazer entregas. Essa foi a vida da menina, que com o apelido carinhoso de “pequena da capa vermelha”, cresceu somente de corpo e idade, porque ainda continuava uma criança. Indefesa, e descuidada. 

- Bem, vou te liberar, porque sei que está falando a verdade. Mas se alguém perguntar diga, que sua avó pagou. Tudo bem? – O xerife abriu a cela, com o coração apertado. Era difícil ver a garota nessa situação. Ainda mais agora que ela precisava de um acompanhamento especial. 

- Preciso fazer uma entrega... Obrigada Maurice. – Meredith deu um beijo estalado no rosto do senhor, que sorriu carinhoso, ao vê-la, sair da delegacia.


A chuva caía forte e nenhuma árvore era densa o suficiente para impedir que se molhasse. Meredith sentia seu corpo fraco, e lembrou-se que estava sem se alimentar direito desde a manhã. Os doces que levava, já estavam todos molhados por isso ela deixou pelo caminho. Suas botas velhas rasgaram, após levar um escorregão no limo de algumas raízes. Olhou em volta e se encheu de desespero ao perceber que estava escurecendo. Olhou novamente a sua volta, e percebeu que havia perdido o rumo. Estava perdida. 

A garota não conseguiu conter as lagrimas. Não estava chorando por estar molhada, sem botas, com fome ou perdida. Estava chorando pela pequena criança que estava dentro dela, e que tinha certeza que não ia conseguir criar sozinha. 

Connor havia a deixado, no momento que ela mais precisava dele. O caçador que ela havia colocado todas suas esperanças, e depositado seu coração, a abandonou. Não conseguia entender. Lembrava-se como nunca da noite em que se entregou pra ele, selando seu amor. E agora o fruto desse “amor” estava dentro dela. Mas ele não pensou nisso. Simplesmente a trocou, por Callie, que também esperava uma criança de Connor. 

Meredith caiu no chão e começou a chorar. Estava fraca, e as gotas grossas da chuva a fizeram desistir de caminhar. Abaixou a cabeça chorando. Sentiu-se perdida. Estava sem seu sorriso, e sem sua capa.
- Onde estou? – Meredith abriu os olhos de deparando com um teto muito bonito de madeira. Era como o da sua casa, só que bem mais alto e novo. Sua voz atordoada, e rouca devido ao excesso de chuva que tomou, estava bem fraca. 

Olhou em volta, e fechou os olhos ao sentir a cama macia embaixo de si. Respirou fundo, esperando sentir o cheiro de madeira molhada, mas ao invés disso, sentiu um aroma de rosas, e de sopa. Sua barriga roncou em resposta. Colocou suas mãos involuntariamente sobre ela. E tentou não chorar. 

- Você está chorando? – Meredith abriu os olhos assustada e se levantou no mesmo segundo, ficando tonta e quase caindo no chão. Sentiu braços firmes e seguros a segurarem, impedindo sua queda. 

- Me larga! Quem é você? – A garota falou fungando um pouco. Se afastou voltando pra cama, e encarou o rapaz alto e forte com um sorriso sincero a encarar. 

- Sou... digamos, que o lobo mal. – Meredith não conseguiu disfarçar sua expressão de incredulidade. O rapaz usava roupas com pele de lobo, bem fofinho por sinal. Sentiu vontade de tocar, mas voltou a sanidade, e se emburrou. 

- Quem mandou você me trazer pra cá? Qual é o seu problema? Ninguém vê uma pessoa jogada no chão, debaixo da chuva, e traz pra dentro da sua casa. E se eu fosse uma vilã? – A garota proferiu as palavras com impaciência, e indignidade pela bondade do rapaz. Sabia que estava sendo ingrata, mas precisava checar se ele não era algum tipo de maníaco. 

- Não sou um maníaco. – Ele afirmou convicto, e achando graça na moça. 

- As pessoas mentem. – Ela afirmou mais convicta ainda. De repente sentiu-se mais experiente. Afirmou algo que já viveu, isso a fazia experiente. Sorriu boba, mas logo mudou de expressão ao observar o rapaz a encarando de forma idiota. 

- Você tem o sorriso mais lindo que eu já vi. – Ele comentou mais pra si mesmo, do que pra ela.
Meredith não sabia se agradecia, ou se o chutava. Estava claro só pra ela que ele era algum tipo de maníaco? 

- Que bom, que acha isso. Agora já posso morrer. Ou melhor, posso ir pra casa. – A garota se levantou e travou no lugar ao perceber que estava com outra roupa. – Quem me vestiu? 

- A minha mãe. Não se preocupe você é uma dama, deve ser tratada como tal. – O rapaz respondeu sincero. 

- Estou com fome... Não sei se vou conseguir chegar em casa sem comer algo antes... Estão fazendo sopa? Qual é o seu nome? 

- Estão fazendo sopa sim... e meu nome é Nolan. Nolan Woolf. 
 Meredith sorriu tímida, e acompanhou Nolan até a enorme cozinha. Por todo o percurso, a garota foi fazendo perguntas, e o rapaz respondendo todas com prazer. Era a primeira vez que recebia uma visita tão diferente. Espontânea... 

- Olha... Se não fosse você, eu poderia perder o meu tesouro. Sabe, estou grávida... – Nolan encarou com ternura e surpresa a garota de cabelos longos e olhos brilhantes que mesmo jovem, parecia uma criança. 

- E você vai ter ajuda para cuidar do bebê? – Foi sem pensar. Nolan simplesmente não resistiu. As poucas horas que passou ao lado dela esperando a chuva passar, o deixaram interessado na garota. 

- Somente a minha avó. Mas vou conseguir segurar as pontas... – Meredith falou quase num murmúrio. Por mais que tentasse acreditar nas suas próprias palavras não conseguia. 

- Posso ajudar se quiser. 

- Não seja ridículo. Acabou de me conhecer. E não quero receber ajuda por pena. – Meredith retrucou envergonhada, e se calou observando a chuva pela janela. Já havia comido, e agora estava com Nolan observando a chuva passar. 

- Mas vou poder te visitar? Assim vou te conhecer melhor... – O rapaz deu um leve empurrão nela, tentando tirar um sorriso da garota. 

- Eu sempre uso uma capa vermelha. Sou conhecida como “pequena da capa vermelha”, na vila onde moro. – Nolan tomou a mudança de assunto como um não. Ela tinha razão, pensou ele aborrecido, havia acabado de conhecê-la, ajudou a garota e era só isso. Não havia porque a conhecer mais. 

Um silêncio tomou conta do ambiente, e aos poucos a chuva foi passando. O sol foi aparecendo e pequenos raios de luz, identificavam um novo dia. Nolan se dirigiu com Meredith até a enorme porta de saída. 

- Você vai saber como voltar? – Ele perguntou preocupado. 

- Vou sim. – Ela respondeu com um sorriso terno.
O silêncio novamente se apossou do lugar. Os dois mantinham os olhares unidos, e os corpos ligeiramente separados. 

- Você pode aparecer um dia na minha casa... Para conhecer minha capa vermelha. 

Meredith deu um beijo estalado no rosto dele e saiu sorrindo. Nolan sentiu seu coração disparar. Era seu primeiro contato com uma garota. E sabia que havia sido especial.


- Você demorou! 

- Só fiquei um dia sem vir! Não acha que está ficando viciada chapeuzinho? 

Meredith sorriu da maneira mais encantadora possível. Nolan estava ao seu lado desde o dia em que ele a salvou, isso já fazia sete meses, em breve iria ter sua garotinha. Ela não sabia como ficar mais feliz sabendo que havia encontrado alguém para amá-la, e amar a garotinha que estava por vir. Alguém que não a julgou pelos seus erros cometidos, alguém que mesmo tão “antissocial” conseguiu cativá-la. Agora ela tinha o sorriso, e também tinha a capa. 

- Eu já estou viciada em você meu lobinho!
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Mini conto: Chapeuzinho Vermelho - Terror 

A chuva caía forte e nenhuma árvore era densa o suficiente para impedir que se molhasse. Suas botas velhas rasgaram, após levar um escorregão no limo de algumas raízes. Olhou em volta e se encheu de desespero ao perceber que estava escurecendo. Olhou novamente a sua volta, e percebeu que havia perdido o rumo. Estava perdida. Meredith caiu no chão e começou a chorar. Estava sem seu sorriso, e sem sua capa. 

- Hey garota! – Ela olhou pra cima confusa e passando as mãos tremulas pelos olhos tentando enxergar o homem á sua frente. Ele estendeu a mão de forma humorada e amigável. 

 -Quem é você? – Meredith perguntou ainda mais confusa quando ele lhe estendeu uma capa... vermelha? Era parecida com a sua. Ela encarou a capa por alguns instantes e a chuva só engrossava cada vez mais. 

 - Sou Stan. Stan Lee. Ninguém que você deveria conhecer. – Stan respondeu humorado. Meredith pegou a capa vermelha. Algo no humor do velho a fez se encolher e desejar estar bem longe dali. 

- Estou grávida. – Ela murmurou aflita enquanto se afastavam da chuva e entravam em uma caverna. Meredith se calou quando entrou na caverna. Restos humanos ensanguentados estavam espalhados pela caverna. 

- Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades. – Ele sussurrou frio e enigmático. 

Ela estava molhada, descalça, sem seu sorriso. Somente com sua capa. Isso, somente com sua capa.

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Editado por John Turnes, material exclusivo do blog AMDP, num modelo da:. Tecnologia do Blogger.